Ana Paula Cuocolo Macchia_psicologia e neuropsicologia

 

Entendendo a criatividade

Criatividade pode ser definida como a capacidade de pensar, fazendo um arranjo de ideias novo, incomum, ou seja, a partir de um conceito já estabelecido e comum, criar soluções e estratégias novas. É um processo cognitivo que procura variações, agrupamentos e conceitualizações inéditas. Envolve uma forma de pensar “divergente” e não “convergente”, ou seja, a pessoa criativa não tenta chegar a uma resposta certa, mas percorre todo o problema encontrando tantas trajetórias quanto forem possíveis a fim de encontrar novas alternativas na resolução do problema.

 

Embora o novo pensamento pareça brotar completamente pronto em um instante, a pessoa criativa despendeu tempo remoendo o problema na cabeça de forma a deixar as ideias borbulharem.

 

Do ponto de vista cerebral, a criatividade é obtida através de um conjunto de processos que busquem nova identificação perceptual partindo de identificação perceptual antiga, e não dependem exclusivamente de habilidades acadêmicas.

 

A criatividade, portanto, não depende das habilidades acadêmicas, estando mais relacionada à inteligência, mas também à capacidade de flexibilidade mental e raciocínio que envolve as chamadas Funções Executivas do Cérebro. Também envolve fatores emocionais e de personalidade, haja vista que é possível encontrar indivíduos muito inteligentes e pouco criativos, que evitam riscos, hesitam em dar opiniões, têm medo de incorrer em erro e receber crítica.

 

O fator de inteligência geral nos indivíduos é composto por dois grupos de habilidades: as habilidades cristalizadas, que estão mais relacionadas às memórias de longo prazo, e as habilidades fluídas, mais relacionadas à capacidade de lógica e de raciocínio.

 

Por habilidades cristalizadas, ou inteligência cristalizada, entendem-se as habilidades de aplicar definições, métodos e procedimentos de soluções de problemas aprendidos previamente, isto é, habilidades que sofrem interferência da escolaridade e cultura. Nestas operações mentais há uma busca ativa das representações mentais na memória de longo prazo, ou seja, os esquemas de ação, armazenados na memória de longo prazo são recuperados e aplicados.

Por habilidades fluídas, ou inteligência fluída, entendem-se habilidades de raciocinar em situações novas, isto é, mediante situação-problema, criar novos esquemas ou reestruturar esquemas prévios. Portanto, estas operações mentais estão mais relacionadas às atividades do executivo central (Funções Executivas), pois requerem o armazenamento de informações e a execução simultânea de processos cognitivos de transformação destas informações, sendo necessário um controle ativo e voluntário dos processos de atenção para organizar a atividade mental.

 

As habilidades fluídas atingem seu ápice na juventude e declínio na velhice, mas, as habilidades cristalizadas não sofrem declínio com a idade.

 

A criatividade, portanto, estaria mais relacionada às habilidades fluídas, por basear-se na flexibilidade mental, mas não descarta completamente as habilidades cristalizadas.

 

Aparentemente, o cérebro da criança é mais criativo do que o do adulto, mas é só aparentemente, porque isto não é verdade. Crianças e adultos podem ser igualmente criativos nas soluções de problemas dentro de seu universo de atuação. Crianças pequenas ainda não possuem funções executivas eficientes e têm pouca flexibilidade mental, mas não têm receio de tentar novas alternativas, não estão presas a ideias ou conceitos prévios, por esta razão são mais ousadas e aparentam ser mais criativas.

 

Crianças têm pouca censura e muita curiosidade, e, por esta razão, estão sempre experimentando coisas novas. Adultos, principalmente adultos jovens, já possuem estruturas cerebrais funcionais para atos mais planejados, com estratégias diversificadas e flexíveis, portanto, podem ser muito criativos se não encontrarem barreiras emocionais.

 

É possível desenvolver a criatividade através de ações que exercitem a flexibilidade mental, mas é importante que as pessoas se exponham a diferentes situações, não tenham medo do novo. Para ser criativo é preciso abandonar velhos conceitos ou, pelo menos, olhar por ângulos diferentes. Treinar o cérebro com atividades ou jogos que recrutem a flexibilidade mental é uma das alternativas, mas também é de suma importância cuidar de fatores emocionais como a insegurança e ansiedade que podem limitar ou inibir a criatividade.

 

 

Ana Paula Cuocolo Macchia

CRP 06/31957-6

Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.

Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC.

Formação em Terapia do Esquema pela WAINER

Psicopedagoga Clínica e Institucional pela Universidade Metodista de São Paulo.

Especialista em Aprendizagem pela Faculdade de Medicina do ABC.

 

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