Ana Paula Cuocolo Macchia_psicologia e neuropsicologia

 

Estresse infantil

Estresse é um conjunto de reações do organismo a um estímulo que o excite, irrite ou amedronte. Diante de um estímulo estressor, o organismo é mobilizado e se prepara para a ação através de reações bioquímicas complexas, cuja tarefa é conduzir este organismo a restabelecer o equilíbrio interno ou a homeostase. Esta é a primeira fase do estresse, a Fase de Alerta ou Alarme.

 

Se o estressor permanecer atuante, ocorre maior dispêndio de energia para outras funções vitais e o organismo entra na Fase de Defesa ou Resistência, pois tem chances de recuperar-se, mas permanece em estado de alerta. Caso continue exposto ao estresse, a tensão excede os limites do organismo e a resistência física e emocional começa a romper-se, as defesas imunológicas caem devido aos efeitos negativos do cortisol produzido em maior quantidade pelo organismo e doenças físicas e psicológicas surgem. Esta é a Fase de Quase-Exaustão, seguida pela próxima que é a Fase de Exaustão, mais patológica, onde podem ocorrer doenças e disfunções graves, até fatais.

 

Os sintomas do estresse em crianças, como nos adultos, podem ser psicológicos, físicos ou ambos. Entre os sintomas psicológicos estão: ansiedade, terror noturno, pesadelos, medo excessivo, dificuldades nas relações interpessoais, súbita introversão, desânimo, insegurança, choro excessivo, angústia, hipersensibilidade e birra. Os sintomas físicos são: alteração no apetite, dores abdominais, diarréia, manifestação de tiques, cefaléia, náusea, hiperatividade, enurese noturna, tensão muscular, bruxismo, dificuldade para respirar.

 

Estudos mais recentes como os de Lipp e Romano (1987) correlacionam efeitos do estresse infantil ao desenvolvimento de doenças dermatológicas, cefaléia, anorexia, úlceras e obesidade, bem como à baixa do sistema imunológico e maior vulnerabilidade a gripes e resfriados, além de, em elevado grau, estarem relacionados ao surgimento de desordens psiquiátricas e ao aparecimento de problemas comportamentais.

 

As causas do estresse podem ser: dificuldades escolares ou competição na escola por desempenho; o tratamento oferecido por adultos (pais ou professores); conflitos domésticos; separação e morte na família; mudanças de rotina ou de ambiente (pandemia; mudança de casa ou escola); bullying.

 

Diante de tantos sintomas e causas, é difícil para o pediatra julgar se as queixas e sintomas apresentados podem ser sintomas do estresse. As crianças geralmente manifestam muita dificuldade em expressar conteúdos internos como emoções e o desconforto psíquico, invariavelmente expressam ansiedade e angústia dizendo que estão com medo. Se para o adulto é difícil descrever e relatar estas sensações internalizantes, imagine como é difícil para as crianças que ainda não sabem identificar ou nomear os sentimentos.

 

Na minha prática clínica observo que quando as crianças manifestam o desconforto ou o sofrimento psíquico se referindo ao medo são mal interpretadas e orientadas pelos adultos, que tendem a desqualificar estas sensações e banalizá-las como “coisas de criança” e que “quando crescer isto passa”. Esta atitude induz algumas crianças a pensar que existe algo de errado com elas e esconder ou dissimular estes sentimentos diante dos adultos e principalmente do grupo, o que só faz por elevar os níveis de tensão interna e adiar o tratamento.

 

Durante muitos anos a psiquiatria infantil viveu à sombra da psiquiatria do adulto e os profissionais da saúde se deparavam com ausência de instrumentos que pudessem aclarar os sintomas mentais das crianças, mas estudos recentes e escalas para avaliação mais apuradas vêm sendo desenvolvidas para auxiliar o diagnóstico na infância.

 

 

Referências:

 

 

AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: Editora Atheneu, 1973.

 

ASSUMPÇÃO JUNIOR, F. B. Tratado de psiquiatria da infância e adolescência/Francisco Baptista Assumpção Junior, Evelyn Kuczynski. – São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

 

LIPP, M. E. N. Escala de Stress Infantil: ESI: manual / Marilda Emmanuel Novaes Lipp, Maria Diva Monteiro Lucarelli. – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

 

Ana Paula Cuocolo Macchia

CRP 06/31957-6

Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.

Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC.

Formação em Terapia do Esquema pela WAINER

Psicopedagoga Clínica e Institucional pela Universidade Metodista de São Paulo.

Especialista em Aprendizagem pela Faculdade de Medicina do ABC.

 

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