Para falar da importância do ócio é preciso primeiro explicar as funções executivas do cérebro, pois é principalmente sobre estas funções que ele irá atuar trazendo benefícios.
As funções executivas do cérebro podem ser consideradas como um sistema gerenciador dos recursos cognitivo-emocionais, cuja principal tarefa é a solução de problemas. Atua como “um grande maestro”, organizando as atividades perceptivas, mnésticas (memória) e práxicas (capacidade de realizar um ato motor) e autorregulando as reações emocionais.
As estruturas neurobiológicas diretamente responsáveis por estas funções estão sediadas nos lobos frontais do cérebro, sendo um importante marco adaptativo da espécie humana, do ponto de vista filogenético. Trata-se de um conjunto de funções que são responsáveis por iniciar e desenvolver uma atividade rumo a um objetivo final e, onde atuam um amplo espectro de processos cognitivos, como o desejo ou motivação; o estado de alerta; a atenção sustentada e a atenção seletiva; inibição de ação irrelevante à tarefa; monitoramento; tempo de reação, fluência e flexibilidade mental e persistência na solução do problema.
Todas estas funções atuam sobre o planejamento e a estratégia, regulando o comportamento para atingir um objetivo. Quando uma destas funções ou várias delas fica sobrecarregada ocorre a fadiga do sistema, comprometendo os resultados, ou seja, o objetivo.
O ócio é importantíssimo, pois tem o poder de proteger o sistema deste desgaste. Por esta razão é muito importante alternar períodos de tarefa e descanso.
Após período de descanso pode ocorrer melhora do raciocínio e mais criatividade. Você já observou que muitas vezes se trabalha intensamente sobre um problema e depois de um período de descanso, ao retomar à tarefa, muitas vezes ocorre uma grande solução ou erros são encontrados?
Quando o sistema está sobrecarregado, tende a falhar. Quando o sistema está sobrecarregado, tendem a ocorrer, junto com o processo de fadiga, respostas emocionais inadequadas, como irritabilidade, afetando a flexibilidade mental e a persistência na solução de problemas.
Os períodos de descanso não significam “ficar sem fazer nada” ou “pensar em nada”. Portanto o ócio, ou período de descanso, significa, do ponto de vista neuropsicológico, momento em que você não está sobrecarregando este gerenciador de tarefas e ocupando-se de algo prazeroso, que pode ser: pintar; desenhar; exercitar-se; preparar uma comida diferente; cuidar das plantas; visitar um museu; tocar um instrumento ou simplesmente ouvir música; fazer um passeio; ver um filme; rir com amigos etc.
Estes períodos de descanso devem ocorrer com certa periodicidade na vida do indivíduo. Por esta razão, os finais de semana deveriam ser sempre utilizados para descansar. Mas, dependendo da rotina do indivíduo, podem ser necessários diariamente, ou até de hora em hora.
Por exemplo: é mais produtivo para uma criança alternar períodos de estudo e descanso em casa, do que ficar mais três horas debruçada sobre uma lição de casa. O que se preconiza é que faça um período de lição (que vai depender da idade), parar, descansar por alguns minutos, tomar água ou até um lanchinho e voltar para a lição.
Assim deve ocorrer em algumas profissões, cujo desgaste físico e/ou mental é intenso. Muitas vezes é importante largar por alguns minutos o que você está fazendo, dar uma volta no ambiente de trabalho (até fora dele, se for possível), para “limpar” o sistema. Muitas vezes, simplesmente caminhar um pouco e respirar fundo e pausadamente, oferece o descanso dentro de um dia de trabalho.
Ana Paula Cuocolo Macchia
CRP 06/31957-6
Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.
Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC.
Formação em Terapia do Esquema pela WAINER
Psicopedagoga Clínica e Institucional pela Universidade Metodista de São Paulo.
Especialista em Aprendizagem pela Faculdade de Medicina do ABC.
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